Luciana Latorre é coordenadora adjunta do curso de Medicina da instituição
Março é um período especial de atenção à saúde da mulher, com a realização da campanha Março Lilás. A iniciativa visa a conscientizar a população sobre a prevenção e combate ao câncer de colo uterino.
Com o objetivo contribuir e ajudar no enfrentamento da doença, Luciana Latorre Galves Oliveira, coordenadora adjunta do curso de Medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh) – integrante da Inspirali, melhor ecossistema de educação em saúde do país – responde às principais dúvidas sobre o tema.
Você sabia que o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer de maior incidência entre mulheres no Brasil?
Ainda que o sistema de saúde brasileiro tenha evoluído, melhorando o acesso e o uso de novas tecnologias em saúde, infelizmente, no Brasil, o câncer do colo do útero ainda é o terceiro tipo de tumor maligno mais incidente entre mulheres, desconsiderando o câncer de pele não melanoma. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer – INCA é de que entre 2023-2025 ocorram 17.010 casos novos, ou seja, cerca de 15 a cada 100 mil mulheres.
Os estudos apontam ainda que aproximadamente 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. E essa porcentagem pode ser ainda maior em homens. Entre 25% e 50% da população feminina mundial e 50% da masculina esteja infectada pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é combatida espontaneamente pelo nosso sistema imune.
Você sabia que pode prevenir o câncer de útero utilizando preservativo durante relação sexual?
Um dos maiores precursores do câncer de colo do útero é o vírus do HPV – Papilomavirus humano, que é transmitido, principalmente, por relação sexual desprotegida.
O uso do preservativo consegue garantir uma proteção importante, mas não total, pois ainda é possível ter o contágio pelo HPV através do contato da pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal. Por isso, outras formas de prevenir este tipo de câncer são vacinar os adolescentes de 9 a 14 anos contra HPV e manter a regularidade do exame de preventivo/Papanicolau para as mulheres que já iniciaram vida sexual.
Você sabia que fazendo o exame Papanicolau regularmente consegue evitar e até tratar o câncer de útero?
Se todas as mulheres realizassem o Papanicolau (exame citológico) de forma correta, as mortes por câncer de colo de útero poderiam ser praticamente eliminadas, isto porque seria possível iniciar o tratamento em tempo hábil de uma possível cura. O Exame é realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), gratuitamente e indolor. O Protocolo do Ministério da Saúde recomenda que todas as mulheres de 25 a 64 anos realizem o exame regularmente. Mas é muito importante reforçarmos que todas as mulheres que já iniciaram a vida sexual procurem o atendimento médico para exames e orientações.
Você sabia que é possível fazer o tratamento do câncer de útero pelo SUS?
Tanto o diagnóstico como o tratamento são realizados gratuitamente pelo SUS, com prioridade nas possíveis filas de espera. O tratamento é definido mediante diagnóstico das lesões e o grau de evolução, e tem utilizado tecnologias de ponta. O acesso ao tratamento tem sido facilitado para diminuir a ansiedade das mulheres e as mortes. Basta procurar a unidade de saúde mais próxima da sua casa para agendar o exame Preventivo/Papanicolau e ter o seu acompanhamento.
Você sabia que existe uma vacina que previne o câncer de útero?
Se vacinar contra o HPV é uma das medidas mais eficazes para se proteger contra o HPV, e logo, contra o câncer de útero. O Brasil, por meio do SUS, disponibiliza a vacina contra o vírus HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias); homens e mulheres transplantados; pacientes oncológicos em uso de quimioterapia e radioterapia, pessoas vivendo com HIV/Aids e vítimas de violência sexual. As vacinas contra o HPV já estão disponíveis nos postos de saúde, de forma gratuita, sendo ministradas em duas doses.
O objetivo da vacinação da população masculina é prevenir os cânceres de pênis, as lesões ano-genitais pré-cancerosas e as verrugas genitais. Além disso, por serem os responsáveis pela transmissão do vírus para suas parceiras, ao receberem a vacina, os homens colaboram com a redução da incidência do câncer de colo de útero e vulva nas mulheres, prevenindo também casos de cânceres, boca, orofaringe, bem como verrugas genitais em ambos os sexos.